Abdominoplastia em Âncora
O paciente pós cirurgia bariátrica costuma apresentar abdome em avental, com grande excesso cutâneo vertical e horizontal de pele no abdômen. Além disso apresenta queda dos tecidos púbicos sobre os genitais. Devido a esses achados, geralmente a abdominoplastia clássica apresenta resultados inadequados.
A abdominoplastia em âncora difere-se da abdominoplastia clássica por incluir também uma cicatriz vertical na linha média do abdômen e dessa forma tratar melhor o excesso de pele existente nas laterais do abdômen, conferindo melhor contorno corporal.
Geralmente associamos esses procedimentos com lipoaspiração para tratamento de gordura localizada, principalmente nas costas, flancos, parte superior do abdômen e monte de vênus. Pode-se utilizar a gordura para remodelamento glúteo.
Quando associado ao lifting gluteo o procedimento pode ser denominado como bodylift, lifting corporal inferior ou abdominoplastia circunferencial.
- Avaliação Pré-Operatória
O paciente candidato à cirurgia plástica abdominal deve apresentar boa condição de saúde, estar no peso ideal ou próximo à este. Deve ter pelo menos um ano da cirurgia bariátrica e estar com peso estável a pelo menos 3 meses. É necessário avaliação clínica completa e exames complementares, identificando fatores de risco para complicações. É importante a avaliação da parede abdominal, identificando pontos de fraqueza e hérnias que podem predispor a complicações. É de fundamental importância que o paciente esclareça todas as dúvidas e a expectativa pelo resultado seja realista.
- Procedimento
Dependendo da extensão de tecido que deve ser removido e dos procedimentos associados, a duração pode variar entre três a 5 horas. As incisões são desenhadas inicialmente com o paciente em pé. A anestesia poderá ser geral ou regional de acordo com o caso. Ë necessário o uso de meias antitrombo e bombas de retorno venoso como medidas profiláticas para tromboembolismos venoso. Além disso utilizamos antibioticoprofilaxia como medida preventiva para infecção do sítio cirúrgico. É necessário sondagem vesical.
O procedimento inicia com a limpeza e antissepsia da área a ser trabalhada. Quando a lipoaspiração é indicada, iniciamos por ela para remoção de gordura localizada (costas, flancos e abdômen) e enxerto glúteo se indicado.
Após realizamos a abdominoplastia propriamente dita. Removemos o excedente dermogorduroso através da separação cuidadosa da pele e da camada de gordura dos músculos da região. A ação que produz uma parede abdominal plana afinando a cintura recebe o nome de plicatura, ou seja, pontos cirúrgicos efetuados para unir os músculos reto abdominais.
O fechamento é então realizado reconstruindo-se a adesão entre a camada de gordura e a musculatura. Isso evita a formação de líquido na região além de excluir a necessidade do uso de drenos na maioria dos pacientes, todavia indicamos em alguns casos.
Finalmente, a sutura das incisões, curativos e colocação da malha compressiva.
- Recuperação e Cuidados
Recomenda-se o uso de uma malha de compressão e da meia antitrombo durante 30 dias. A vestimenta apertada auxilia a reduzir o edema e evita a formação de líquido, além de oferecer conforto ao paciente e auxiliar no processo de cicatrização. Logo após o procedimento o paciente pode ter dificuldade em ficar na posição ereta, mas, mesmo assim indica-se pequenas caminhadas imediatamente após a recuperação anestésica para melhorar o fluxo sanguíneo e a respiração. A alta de um procedimento de abdominoplastia em ancora ocorre entre 24 e 72 horas.
A sondagem vesical é mantida por 24 horas. O uso de anticoagulantes é mantido por pelo menos 7 dias ou até que o paciente esteva movimentando-se adequadamente para prevenção de embolia pulmonar e trombose venosa profunda
Deve-se ter cuidado rigoroso com os curativos. Entre 3 e 7 dias, os pacientes são liberados para a drenagem linfática que irá auxiliar no processo de reabsorção do edema. Recomenda-se que o paciente ande levemente curvado, ou seja com o tronco em flexão, por duas a três semanas – período no qual a maioria dos pacientes estará apto a retornar ao trabalho. Indica-se também evitar exercícios e atividades mais intensas no período de seis semanas após a cirurgia.
Assim como qualquer procedimento cirúrgico recomenda-se evitar a exposição direta ao sol por três meses (tendência a pigmentar a cicatriz e a aumentar o edema) além de manter a pele bem hidratada. É importante manter a cicatriz coberta com uma fita elástica ou uma tira de silicone. Técnicas de massagem e de hidratação da cicatriz também podem ser realizadas.
As complicações mais comuns são o seroma e as pequenas deiscências de cicatrizes e podem ser tratados de acordo com a necessidade.
- Resultados
A avaliação dos resultados deverá ser feita depois de seis meses, pois é após este prazo que a reabsorção do edema estará completa. Em alguns casos, algum retoque pode ser necessário mas o mesmo não deve ser feito antes de seis meses. Novas gestações e variações de peso podem comprometer os resultados alcançados. Entretanto, esses resultados podem ser mantidos por vários anos em pacientes com dieta adequada e exercícios físicos regulares.
Dr. Eduardo Dalberto
CREMERS 31347
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)