Mamoplastia de Aumento: você tem dúvidas sobre implantes de silicone?
Trata-se de um procedimento no qual se utiliza implantes de silicone para dar volume às mamas. É indicado para mulheres insatisfeitas com o tamanho das mamas, com queixa esvaziamento e/ou falta de projeção na parte superior do tórax (principalmente pós-gestação ou após um grande emagrecimento). Uma pequena ptose (queda) e também uma discreta flacidez podem ser corrigidas apenas com a inclusão da prótese, sem necessidade de uma mastopexia (cirurgia para reposicionamento da mama). A mamoplastia de aumento é um procedimento com elevado índice de satisfação, baixa taxa de complicações, grande melhora da autoestima e da autoconfiança da mulher.
1. Um pouco de história sobre os Implantes Mamários
Desde que foram introduzidos os primeiros implantes em gel de silicone temos visto significativas modificações no desenho e na tecnologia de produção ao longo de várias gerações. O primeiro implante foi introduzido em 1962 por Cronin e Gerow, sendo fabricado pela Dow Corning. A geração atual de implantes é formada por conchas mais espessas em múltiplas camadas de diferentes texturas e formas com silicone em gel mais coesivo, representando um avanço significativo em relação às primeiras gerações antes de 1993.
Inúmeros estudos epidemiológicos mostram que não há dados estatisticamente significativos sobre o aumento de doenças do tecido conjuntivo em mulheres submetidas à mamoplastia de aumento ou à reconstrução da mam com silicone em gel. Recentemente temos amplas revisões da literatura, tais como Holmich et. al. (2007) que reforçam esses estudos.
Cabe destacar aqui os estudos de Deapan (2007) sobre a relação entre o câncer de mama e os implantes de silicone. O autor desenvolveu uma revisão bibliográfica de 21 estudos anteriores representando nove populações diferentes em todo o mundo onde demonstra de forma consistente não haver aumento do risco de câncer de mama e/ou de demora na detecção.
2. Avaliação pré-operatória
A paciente deve estar em boas condições de saúde e realizar todos os exames complementares necessários para uma completa avaliação clínica. Também deverá realizar um exame de imagem da mama, tais como mamografia e/ou ecografia mamária. É na avaliação que definimos o tamanho e a forma do implante, a incisão, o local de implantação e a necessidade ou não de mastopexia (reposionamento para mamas com mais ptose e/ou flácidas). Nesse momento é extremamente importante que a paciente esclareça todas as suas dúvidas em relação ao procedimento.
2.1. Definindo o tamanho do implante
Além do desejo da paciente utiliza-se algumas medidas como, por exemplo, o tamanho da base da mama e a distância entre o sulco mamário e a aréola. Também pode-se utilizar medidores externos, ou seja, moldes que simulam o resultado final. Cabe ao cirurgião aconselhar e indicar as melhores opções em termos de proporções e alinhamentos esteticamente agradáveis buscando evitar excessos.
2.2. A forma dos implantes
Em relação à forma existem implantes de múltiplos formatos:
- Quanto a sua base, podem ser redondos ou apresentar diferenças entre a largura e a altura.
- Quanto à projeção anteroposterior, podem ser baixos, moderados, altos ou superaltos.
O ponto de maior projeção pode ser no centro do implante ou um pouco mais abaixo (natural ou anatômico).Todas essas variações fornecem ao cirurgião e à paciente uma ampla possibilidade de escolha e de satisfação com os resultados.

Eduardo Dalberto . Cirurgia Plástica, 2016. Ilustração: Samuel Wolf.
2.3. O revestimento e preenchimento dos implantes
Existem três possibilidades de revestimento dos implantes: liso, poliuretano ou texturizado, sendo que os últimos são os mais utilizados. Os implantes de silicone são preenchidos com gel coesivo e têm uma textura muito semelhante ao tecido natural da mama.
3. Como é o procedimento?
O procedimento inicia pela marcação das incisões e dos pontos de referência através de desenhos na pele realizados pelo cirurgião. A anestesia poderá ser geral, local com sedação ou peridural e será definida em conjunto com o cirurgião, o anestesista e a paciente.
Após a anestesia realiza-se a revisão das medidas e das marcações. O passo seguinte é a incisão e a confecção da loja (local onde o implante será colocado). Com o uso de medidores internos o cirurgião pode testar e ajustar o tamanho da prótese definitiva. A hemostasia é revisada e assim o cirurgião irriga uma solução de antibióticos, coloca a prótese definitiva e fecha a incisão. Finalmente, o cirurgião realiza os curativos e coloca uma malha compressiva. A duração total do procedimento é de 1 a 2 horas, o qual é ambulatorial e também não necessita internação.
3.1. A incisão
A incisão pode ser localizada no sulco inframamário, periareolar ou axilar:
- a abordagem inframamária permite fácil acesso ao local de implantação, não necessita de abertura da glândula mamária e fica bastante discreta, pois fica escondida na dobra inferior da mama
- a incisão periareolar é indicada principalmente para pacientes que apresentem aréolas grandes, todavia apresenta índices um pouco maiores de alterações de sensibilidade. Tende a ficar escondida pela transição de cor entre a pele a aréola.
- a incisão axilar tem como grande vantagem evitar cicatrizes na mama, mas pode ficar mais perceptível pois não é coberta pelo biquíni.
3.2. A localização do implante
A prótese pode ser colocada em posição subglandular, dual plane (parte superior sob e músculo peitoral e parte inferior acima) ou totalmente retromuscular:

Eduardo Dalberto . Cirurgia Plástica, 2016. Ilustração: Samuel Wolf.
- a posição subglandular é a preferida da maioria dos cirurgiões, pois apresenta melhor projeção da mama e corrige pequenas ptoses com eficácia. Além disso, apresenta menos dor no pós-operatório visto que o músculo peitoral não é manipulado durante o procedimento.
- a posição dual plane é indicada para pacientes que tenham pouca quantidade de tecido subcutâneo no pólo superior da mama. A proteção extra do músculo peitoral maior esconde mais a prótese e assim temos um contorno mais adequado. Esta posição melhora também a visibilidade em exames de imagem e tende a apresentar menos contratura capsular. Todavia, o pós-operatório é mais dolorido e algumas pacientes queixam-se que sentem a prótese durante a realização de exercícios físicos com os membros superiores.
- a prótese em posição totalmente retromuscular, ou seja posicionada atrás da musculatura peitoral, é utilizada quase que exclusivamente para reconstrução de mamas. Além disso, pode ocorrer ptose da glândula sobre a prótese, conhecido com sinal da dupla bolha.
4. Pós-operatório
A paciente necessita uso de um sutiã pós-cirúrgico em malha durante 30 dias. Em alguns casos recomenda-se o uso de uma faixa elástica na parte superior do tórax para manter a prótese mais firme. Caminhadas e exercícios físicos leves devem ser evitados por somentes duas semanas. A prática de exercícios mais intensos pode ser retomada após um mês. Pacientes com próteses em plano submuscular devem evitar exercícios para membros superiores por seis a oito semanas. Já o retorno ao trabalho ocorre entre 3 e 7 dias após o procedimento, evitando a exposição ao sol e ao calor excessivo.
O curativo pode ser mantido fechado na primeira semana e após 48 horas de cirurgia pode ser molhado no banho desde que seja seco com secador de cabelos. Após 15 dias recomenda-se uso de gel de silicone para massagem e tiras de silicone ou de fita adesiva para a cobertura da cicatriz favorecendo o processo de cicatrização.
A paciente deve manter acompanhamento periódico e realizar exames de imagem a cada dois anos. Com a melhoria da qualidade das próteses as complicações tonaram-se mais raras. As intercorrências precoces como hematoma e infecção são bastante incomuns e quando ocorrem podem necessitar de drenagem e uso de antibióticos.
O índice de ruptura do implante é menor do que 1% e a taxa de contratura capsular (quando o corpo forma uma capsula mais rígida em torno da mama) é controversa, mas gira em torno de 5 % das pacientes em 5 anos. A contratura pode causar dor e pequenas ondulações nas mamas. Quando isso ocorre pode-se retirar a cápsula e trocar o implante.
Os implantes mamários não necessitam ser trocados rotineiramente, todavia boa parte das pacientes passará por uma mamoplastia secundária ao longo da vida. As principais indicações para troca são o desejo de aumento adicional, ptose residual, assimetria, contratura ou ruptura.
Em princípio, a colocação da prótese não influencia na capacidade de lactação da mulher. De fato, a mamoplastia de aumento é um procedimento com elevado índice de satisfação, baixa taxa de complicações e grande melhora da autoestima e da autoconfiança da mulher.
Para mais informações consulte a página de Procedimentos aqui no site ou entre em contato através das seções Atendimento e Contato.
Dr. Eduardo Dalberto
Cirurgião Plástico . CREMERS 31347
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)
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