Lipoaspiração & Segurança

 

Apesar da boa saúde e da prática de exercícios físicos, algumas pessoas ainda podem ter um corpo com contornos desproporcionais devido aos depósitos de gordura localizada. A seguir explicamos os termos comumente relacionados:

Lipoaspiração pode ser usada para tratar esses acúmulos de gordura em várias partes do corpo, incluindo coxas, braços, abdômen, costas, flancos, parte medial do joelho, mamas masculinas, região cervical, entre outros. A lipoaspiração não é um procedimento indicado para emagrecimento e sim para o tratamento da gordura localizada. Por este motivo, o paciente deve estar no peso ideal ou muito próximo a este. A Lipoaspiração é um procedimento de retirada de gordura através de pequenas incisões com auxilio de cânulas conectadas à um aparelho de sucção à vácuo.

Lipoescultura é uma técnica complementar e realiza-se quando a gordura removida é utilizada para enxerto em outra área do corpo. As áreas comumente tratadas dessa forma são a face (malar, sulco nasolabial, mento) e as nádegas.

Minilipoaspiração é um procedimento realizado sob anestesia local, utilizando-se cânulas muito finas para tratamento de pequenas áreas, tais como a parte inferior do abdômen e na região cervical.

Hidrolipoaspiração refere-se a infiltração de soro fisiológico associado a um vasoconstritor nas áreas que serão lipoaspiradas. De acordo com a quantidade e as substâncias infiltradas, a técnica pode ser classificada como úmida, tumescente ou super-úmida. A infiltração do líquido facilita a retirada da gordura devido ao aumento do espaço entre a pele e a fáscia muscular. Além disso, essa técnica reduz o sangramento em função da diminuição do calibre dos pequenos vasos sanguíneos que são rompidos durante o procedimento. Atualmente, a maioria dos cirurgiões utiliza alguma forma de infiltração nos procedimentos.

Cabe observar que técnicas complementares, tais como o uso de Laser, Ultrassom ou Vibrolipoaspiração não possuem evidência científica de melhores resultados.

  1. Avaliação Pré-Operatória

O paciente candidato à lipoaspiração deve apresentar boa condição de saúde e estar próximo ao peso ideal. É necessária uma avaliação clínica completa e todos os exames complementares solicitados para identificar possíveis fatores de risco para complicações e seus respectivos tratamentos. Também, é necessário levar em conta a presença de estrias e/ou flacidez que, quando presentes, geralmente demandam um procedimento associado para ressecção de pele.

Para lipoaspiração do abdômen é importante a avaliação da parede abdominal, identificando pontos de fraqueza e hérnias que podem predispor a complicações. Nesse momento, programa-se a quantidade e o número de áreas a serem lipoaspiradas em cada paciente conforme os protocolos de segurança. É de fundamental importância que o paciente esclareça todas as dúvidas e as expectativas em relação aos resultados.

  1. Como é o procedimento

O procedimento é iniciado com a marcação das áreas (desenho). O tipo de anestesia depende da extensão do procedimento e das áreas tratadas: local, local com sedação, peridural ou geral.

A lipoaspiração é realizada através de pequenas incisões as quais são posicionadas de forma que fiquem minimamente perceptíveis. Primeiro, uma solução líquida e estéril é infundida para facilitar a retirada da gordura. Em seguida, um tubo fino (cânula) é inserido através destas pequenas incisões para aspirar o excesso de gordura.

Quando é planejado uso de enxerto de gordura (lipoescultura), essa deve ser coletada em um frasco estéril. A seguir a gordura é decantada, para remoção do excesso de sangue e soro, e então é enxertada nas áreas previamente planejadas.

A lipoaspiração pode ser realizada isoladamente ou como complemento de outros procedimentos, tais como como ritidoplastia (lifting da face), gluteoplastia, aumento/redução de mama ou abdominoplastia. Finalmente, as pequenas incisões são fechadas, é realizado o curativo e colocado a malha de compressão. Recomenda-se que se aspire no máximo 7% do peso do paciente, não ultrapassando 40 % da superfície corporal.

  1. Pós-operatório

A alta depende da extensão da cirurgia, mas para procedimentos pequenos e médios, ocorre entre 6 e 24 horas. Malhas de compressão são indicadas no pós-operatório, pois ajudam a controlar o inchaço e a comprimir a pele, sendo recomendadas por 30 dias. É esperada a ocorrência de edema e equimose, os quais vão desaparecendo ao longo do tempo. O tempo de afastamento do trabalho é de cerca de 7 dias. Cuidados com a exposição solar precoce,  que pode levar à hiperpigmentação de cicatrizes e manchas escuras, são muito importantes nessa fase de recuperação. Pode ocorrer alguma alteração de sensibilidade na área operada, mas esta sensação é transitória. Tratamentos complementares, como drenagem linfática são fundamentais devem ser inciados entre 3 e 7 dias. pois aliviam o inchaço e melhoram a dor. O uso de ultrassom e radiofrequência também pode diminuir a ocorrência de irregularidades ou de pequenas fibroses.

  1. Resultados

Os resultados definitivos poderão ser avaliados entre 6 e 12 meses, e caso necessário podem ser realizados pequenos retoques. A melhora do contorno corporal será aparente quando o inchaço e a retenção de líquido diminuírem. Com práticas contínuas de dieta saudável e de atividade física, a remoção do tecido adiposo em excesso pode ser preservada.

  1. Protocolo de Segurança

A tratamento da gordura localizada é o desejo de muitos pacientes, todavia a lipoaspiração é bastante temida devido às intercorrências que, apesar de incomuns, são extensamente divulgadas pela mídia quando ocorrem.

As complicações eram mais frequentes logo no advento da lipoaspiração, em razão da fisiologia relacionada ao procedimento ser desconhecida. Além disso não se utilizava a infiltração com vasoconstritor e as próprias cânulas usadas no procedimento eram mais grossas.

Com o avanço tecnológico dos materiais e amplo conhecimento sobre os limites de segurança recomendados pelas entidades médicas, hoje temos um procedimento bem mais seguro, embora não isento de riscos. As intercorrências graves que podem ocorrer são a embolia pulmonar, a embolia gordurosa, a perfuração de grandes vasos e vísceras, a infecção ou intercorrências clínicas.

Entretanto alguns aspectos de segurança são fundamentais e quando este protocolo é respeitado o risco de complicações graves reduz consideravelmente. A seguir detalhamos o protocolo de segurança e a prevenção/tratamento dos fatores de risco, associados ao procedimento:

5.1. O local

É recomendável realizar o procedimento em um hospital e ou em clínicas certificadas pela vigilância sanitária. Os hospitais estão adequadamente preparados para o atendimento inicial de situações agudas e/ou graves.

5.2. O Profissional

É fundamental realizar o procedimento com um cirurgião plástico certificado pela Sociedade brasileira de Cirurgia Plástica. Para obter a certificação é necessário ser um profissional graduado em Medicina, especialista em Cirurgia Geral (dois anos de Residência Médica em hospitais de grande porte), especialista em Cirurgia Plástica (três anos em cirurgia plástica de Residência Médica) e ainda ser aprovado no exame de certificação (prova teórica e prática).

É comum que muitos profissionais não especialistas realizem esse procedimento, tornando-se um fator de aumento do risco para o paciente.

Tal informação pode ser obtida no site: http://www2.cirurgiaplastica.org.br/encontre-um-cirurgiao/

5.3. O Paciente

A lipoaspiração é um procedimento para remoção de gordura localizada e portanto não deve ser vista com um tratamento para obesidade. Dessa forma, o paciente deve estar no peso ideal ou no máximo com leve sobrepeso, além de boa condição clínica. Também deve-se realizar uma avaliação pré-operatória minuciosa, identificando possíveis fatores de risco e suas respectivas medidas de prevenção e tratamento.

5.4. O procedimento 

A infiltração de solução fisiológica com vasoconstritor reduz o sangramento e facilita a retirada da gordura. Já o uso de cânulas mais finas diminui o trauma tecidual e ocorrência de irregularidades. Além disso, planejamento estratégico do local adequado para as incisões permite ao cirurgião a retirada das áreas de gordura com bastante segurança. Sem dúvida, o respeito aos limites de segurança é fundamental: recomenda-se a aspiração de no máximo 7% do peso corporal, não ultrapassando 40 % da área corporal. É recomendável também evitar procedimentos muito longos.

5.5. Prevenção de Fatores de risco Específicos

5.5.1. Trombose Venosa Profunda e Embolia Pulmonar. 

É a principal causa de complicações graves em cirurgia plástica, todavia pode-se diminuir bastante esse risco com as seguintes medidas:

  • Indica-se a utilização de meias elásticas na recuperação do paciente no período perioperatório.
  • Recomenda-se o uso de compressão pneumática no transoperatório e pós-operatório precoce.
  • A mobilização precoce no pós operatório e o posicionamento correto na mesa cirúrgica também devem ser observados.
  • Utiliza-se profilaxia medicamentosa com fármacos anticoagulantes até que o paciente esteja com deambulação adequada.
  • Além disso, o controle dos fatores de risco inicia já no pré-operatório com medidas tais como cessar tabagismo, diminuir o peso e suspender o uso de anticoncepcionais orais.

5.5.2. Embolia gordurosa.

Acredita-se que o uso de vasoconstritor na solução de infiltração e a compressão mecânica exercida pelo líquido sobre os vasos sanguíneos dificulta a entrada de gotículas de gordura na circulação.

5.5.3. Lesão de grandes vasos e vísceras

A ocorrência de tais complicações é extremamente incomum, desde que o cirurgião tenha treinamento e certificações adequadas para realização do procedimento. A identificação prévia de hérnias e de locais de fraqueza da parede abdominal é fundamental na avaliação pré-operatória. Além disso, o planejamento estratégico do local das incisões permite a angulação correta da cânula e facilita a remoção da gordura.

5.5.4. Infecção

A ocorrência de infecções peri-operatórias graves em lipoaspiração é bastante rara, devido ao uso de antibióticos profiláticos, à antissepsia e ao uso de campos cirúrgicos e de materiais estéreis.

5.5.5. Intercorrências Clínicas

A identificação de condições clínicas pré-existentes e com tratamento adequado prévio ao procedimento torna o mesmo mais seguro. É muito importante que o paciente comunique ao cirurgião todos os aspectos relacionados à sua saúde durante a avaliação pré-operatória. Podem ocorrer complicações locais, como seroma, hematoma, flacidez, irregularidades, alterações de sensibilidade (geralmente transitórios) e pigmentação.

Finalmente, todas essas medidas devem ser seguidas com rigor para a realização de uma lipoaspiração segura, oferecendo tranquilidade para o paciente e para o cirurgião.

 

Dr. Eduardo Dalberto
CREMERS 31347
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)

 

 

 

 

 

 

 

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