
A Mastopexia de Aumento é um procedimento no qual se utiliza implantes de silicone para dar volume e forma às mamas como forma de tratamento para hipomastia associada à ptose mamária. Trata-se de um dos procedimentos estéticos mais procurados pelas mulheres, e desde o seu advento na década de 60, ocorreu grande avanço em termos de qualidade e variedade dos implantes, bem como das técnicas cirúrgicas (maior estabilidade dos implantes e cicatrizes menores) e segurança, todavia ainda representa um desafio para cirurgiões.

É um procedimento antagônico, pois estamos aumentando o volume através de um implante e reduzindo o tecido excedente em uma mama que já perdeu sustentação, seja por característica genética, emagrecimento, gestação, amamentação ou simplesmente o processo de envelhecimento.
A cirurgia usualmente é realizada em caráter ambulatorial com três horas de duração. Realizamos o procedimento sob anestesia geral e a paciente tem alta no mesmo dia.
A classificação mais utilizada é a de Regnault. A mama normal, sem ptose, tem aréola e o polo inferior acima do sulco inframamário.
Pacientes com graus leves de ptose podem ser tratadas apenas com a inclusão de prótese mamária ou através de uma mastopexia short scar. Graus maiores de ptose têm necessidade de mastopexia. A paciente necessita ter um entendimento claro das vantagens e desvantagens de cada abordagem.
Normalmente a mastopexia é realizada no mesmo tempo da cirurgia de inclusão de prótese. Eventualmente, quando é necessária uma redução grande da mama ou uma elevação muito grande da aréola, é mais seguro realizar a mastopexia e, em um segundo tempo, em torno de seis meses após a cirurgia inicial, realizar a inclusão da prótese e ajuste de cicatrizes, caso a paciente deseje.
O plano ideal para colocação do implante é termo de grande controvérsia entre cirurgiões plásticos. Cabe ressaltar que não há um plano ideal, cada um apresentando pontos positivos e negativos.
Basicamente existem 4 planos para colocação do implante: Subglandular, Subfascial, Dual Plane e Submuscular Total. O dual plane pode ser associado a alças musculares.

Inicialmente é necessário conhecer o contexto histórico para entender a evolução da técnica.
Os primeiros implantes de silicone surgiram na década de 60. Eram lisos, colocados em plano subglandular. Apresentavam altos índices de contratura capsular e rippling. Dessa forma, muitos cirurgiões advogaram a colocação em plano submuscular, todavia ocasiona mais dor, maior tempo de recuperação, deformidade em dupla bolha (waterfall ou snoopy nose) e alterações dinâmicas.
Em 2002, Tebbetts, cirurgião americano, descreve o dual plane (parte superior da prótese submuscular e parte inferior subglandular). Classifica em subtipos I, II e III e suas indicações para cada tipo de mama. Tebbetts indicava o dual plane quando a espessura do polo superior da mama era menor de 2cm.

Um grande avanço em relação ao submuscular total, pois diminuía os seus efeitos deletérios, embora ainda pudessem ocorrer em menor grau deformidade em dupla bolha e alterações dinâmicas. Todavia, uma forma efetiva de melhorar a cobertura do implante no polo superior, diminuindo as complicações do submuscular total, pois também permite resultados mais naturais, com melhor expansão do polo inferior.
Em 2003, Graf descreve o plano subfascial, onde a prótese é colocada entre a fáscia do músculo peitoral e o músculo peitoral.

O soutien interno é uma forma de melhorar a sustentação do implante na parte inferior e lateral da mama, sendo uma forma de auxiliar a retardar a ptose secundária da mama e a má posição inferior (bottoming out) ou lateral do implante e manter a projeção do polo superior.
Pode ser realizado de diversas formas. A forma mais comum é através de suturas para fixação do sulco inframamário com fios inabsorvíveis ou fios farpados lentamente absorvíveis. Pode-se utilizar matrizes biológicas ou matrizes sintéticas. Também, alças musculares e retalhos dérmicos podem ser utilizados, conforme a necessidade de cada paciente.
A lipoenxertia pode ser utilizada eventualmente em mastopexias para cobertura do implante superomedial e melhora da região do decote em mastopexias de aumento. Pacientes que já tenham espessura de tecido subcutâneo maior que 2cm no polo superior usualmente não necessitam de enxerto de gordura.
A lipoenxertia acrescenta naturalidade à cirurgia, pois disfarça as bordas do implante e permite a colocação de implantes menores, complementando o volume com gordura. A gordura é obtida através de uma minilipoaspiração, através de uma microcânula de 3 mm de espessura.
Uma queixa comum das mulheres é o acúmulo indesejado de gordura nas axilas e laterais das mamas, o que confere aspecto quadrado e alargado. Quando identificamos essa alteração, realizamos uma lipoaspiração de definição nessa região.
Temos uma ampla variedade de implantes de ótima qualidade, de texturas, tamanhos, projeções, formatos e consistência. Eu, particularmente, prefiro os implantes com gel mais suave e coeso, pela característica de toque natural, mas essa escolha sempre é individualizada. Cabe ressaltar que eu não tenho nenhum conflito de interesse com nenhuma marca.
Muitas pacientes têm receio de colocar o implante e achar pequeno. Minha visão é um pouco diferente. O implante deve ser o menor possível que lhe satisfaça, respeitando os limites anatômicos, proporcional ao corpo da mulher. Isso porque implantes muito grandes aumentam complicações e, ao longo do tempo, pela pressão que exercem, têm um impacto negativo nos tecidos adjacentes, como pele, parênquima mamário e músculo peitoral.
Os implantes podem ser redondos, anatômicos (formato gota) e mais modernamente ergonômicos, que são implantes redondos, mas que adquirem característica anatômica pelas propriedades do gel quando a mulher está em pé. Têm a vantagem de maior naturalidade em relação aos redondos, evitando as possíveis assimetrias dos implantes anatômicos.
Sempre que possível, utilizo técnicas short scar (cicatriz curta) em que a cicatriz fica localizada em torno da aréola e vertical, e quando necessário é acrescentada uma pequena incisão horizontal.
A mastopexia, por estarmos aumentando e reduzindo pele de uma mama que já perdeu parte da sua força de sustentação, usualmente exige algumas manobras para suporte, como por exemplo uso de implantes mais aderentes, matrizes de regeneração para suporte e alças musculares.
Uma das técnicas mais utilizadas atualmente é o dual plane com alça muscular ínfero lateral para suporte e melhor estabilidade do implante.
Também pode-se utilizar, conforme as necessidades e preferências de cada paciente, próteses de poliuretano (mais aderentes) em plano subfascial, associação do plano subfascial com matrizes de regeneração sintéticas e plano subfascial com alça muscular inferior.
A recuperação rápida em si foi descrita por Tebbetts em 2002, para a técnica de Dual Plane, pois as pacientes apresentavam uma recuperação mais lenta em relação ao plano pré peitoral.
Em praticamente todas as cirurgias adotamos o protocolo ERAS (Enhanced Recovery After Surgery), que tem os seguintes princípios:
1) Educação e otimização do paciente no pré operatório,
2) Analgesia (iniciada no pré-operatório) com diferentes classes de medicamentos,
3) Prevenção de náusea e vômitos,
4) Movimentação precoce, entre outros.
As pacientes têm liberdade de movimentação dos braços desde o primeiro dia, todavia devem evitar forçar os braços para cima e para trás e também não devem carregar mais de 15 kg por 30 dias. Também devem evitar exercícios intensos e para membro superior por 3 meses, sendo liberadas para exercícios de abdômen e membro inferior com 15 dias.
Apesar da recuperação ser excelente, com dor bem controlada na maioria das vezes, lembre-se que o tempo de cicatrização não mudou. Idealmente você deve tirar um tempo para descansar e repousar, afinal de contas, essa cirurgia é muito importante para você.
É recomendado realizar uma ecografia das mamas a cada ano a fim de verificar a integridade da prótese e sinais de contratura capsular. A cada 5 anos, é indicado realizar uma ressonância magnética, que é o exame padrão ouro para avaliação de implantes mamários.
Os implantes são bem seguros atualmente, com índices baixos de ruptura e contratura capsular, mas sim, podem ocorrer complicações mesmo com cuidados e técnica cirúrgica adequada.
As complicações a curto prazo seriam hematoma, seroma, deiscência da sutura e infecção (nessa situação, eventualmente é necessário retirar os implantes para tratamento adequado) e problemas cicatriciais, com queloides, cicatrizes hipertróficas e alargamento.
Não há um tempo definido em que é recomendada a troca, mas certamente será necessário em algum momento. A troca é mais comum de ser realizada por questões estéticas do que por complicações relacionadas aos implantes em si.
A médio e longo prazo, podem ocorrer alterações estéticas, como contratura capsular, rippling, deformidades de animação, waterfall, bottoming out, simastia, ptose secundária e perda da projeção do polo superior, apesar de técnica e cuidados adequados. A complicação mais comum é a contratura capsular, seguida da ruptura do implante.
Resumindo, visamos uma cirurgia com resultado natural, duradouro, proporcional e de mínima morbidade, preservando a musculatura peitoral sempre que possível.
Além disso, observamos o protocolo ERAS para otimizar a recuperação.
Ficou com alguma dúvida?
A consulta presencial é fundamental para a criteriosa avaliação global do procedimento a ser realizado conforme a orientação do CFM e da SBCP. Converse com o seu cirurgião plástico de confiança. Somente um profissional habilitado pode indicar quais são as opções mais adequadas para você.
Dr. Eduardo Antônio Dalberto (CRM 31347/RS . RQE 26266)
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

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