
É sobre tratar a mulher, porque o que fica é a reconstrução da mama.
Primeiramente, eu gostaria de dizer que se você está passando pelo tratamento do câncer de mama, é natural sentir um turbilhão de emoções. A mastectomia, embora seja um passo fundamental para a cura, representa um momento de grande vulnerabilidade. A mama carrega um simbolismo profundo, ligado à nossa feminilidade, sexualidade e autoimagem, e sua perda pode trazer um sofrimento psicológico significativo.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomendam que o RASTREAMENTO MAMOGRÁFICO seja realizadO ANUALMENTE nas mulheres a partir de 40 anos.
É comum que a mastectomia resulte em sentimentos de tristeza, ansiedade e uma sensação de perda da identidade feminina. A alteração da imagem corporal pode impactar a autoestima e os relacionamentos. No entanto, é importante saber que você não está sozinha e que existem caminhos para restaurar não apenas a forma, mas também a sua confiança e bem-estar.
Neste contexto, a reconstrução mamária surge como uma parte essencial do tratamento, não apenas do ponto de vista estético, mas como um pilar para a recuperação integral da sua saúde. Ao restaurar o volume e o contorno da mama, a reconstrução ajuda a mitigar o impacto psicológico da mastectomia, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, da autoestima e da satisfação com a imagem corporal.
É uma ferramenta poderosa para recuperar a sensação de integridade e feminilidade, facilitando o processo de cura emocional. A reconstrução é a restauração não apenas da forma física, mas de uma parte importante da sua identidade, auxiliando-a a seguir em frente com mais segurança e autoestima.
A escolha do tipo de mastectomia é uma decisão conjunta entre você e sua equipe médica, e depende de fatores como o estágio do câncer, o tamanho do tumor e sua anatomia. Entender as opções é o primeiro passo para um planejamento de reconstrução bem-sucedido.
| Tipo de Mastectomia | Descrição | Implicações para Reconstrução |
|---|---|---|
| Mastectomia Radical (Halsted) | Remove toda a glândula mamária, pele, complexo aréolo-mamilar, músculos peitorais e linfonodos axilares. | Raramente realizada hoje devido às grandes sequelas funcionais e estéticas. |
| Mastectomia Radical Modificada | Preserva os músculos peitorais, removendo o tecido mamário, pele, complexo aréolo-mamilar e a maioria dos linfonodos. | Menor deformidade torácica e melhor função do braço, sendo uma base comum para reconstrução. |
| Mastectomia Total (Simples) | Remove todo o tecido mamário, pele e complexo aréolo-mamilar, mas preserva os músculos e não retira os linfonodos axilares. | Procedimento mais simples, frequentemente seguido de reconstrução imediata. |
| Mastectomia Poupadora de Pele (SSM) | Preserva a maior parte do envelope de pele original da mama, removendo o tecido glandular e o complexo aréolo-mamilar. | Facilita uma reconstrução com aparência, cor e textura mais naturais, com cicatrizes mais discretas. |
| Mastectomia Poupadora de Pele e Mamilo (NSM) | Além da pele, preserva também o mamilo e a aréola, oferecendo o maior potencial estético para a reconstrução imediata. | Possui critérios de seleção rigorosos para garantir a segurança oncológica. |
| Mastectomia com Redução de Pele | Abordagem combinada para mamas grandes (macromastia) ou caídas (ptose), onde se remove o excesso de pele para remodelar o envelope cutâneo. | Otimiza o resultado estético final, adequando a pele para receber o implante ou tecido na reconstrução imediata. |
A Reconstrução da Mama pode ser realizada com materiais aloplásticos, com tecidos autógenos ou com uma combinação de ambos. Sabemos que essa reconstrução pode ser imediata (realizada no mesmo momento da mastectomia) ou posterior.
As mamas reconstruídas devem ser macias, móveis, confortáveis, simétricas e bem posicionadas no tórax. Se o seu resultado não está assim, não se preocupe e converse com o seu Cirurgião Plástico.
Os maiores problemas da reconstrução baseada unicamente em implantes é a pouca cobertura subcutânea e o seu dano aos tecidos adjacentes ao longo, principalmente no plano submuscular:
➡️ atrofia dos tecidos,
➡️ contratura capsular,
➡️ alterações dinâmicas,
➡️ excesso de volume no polo superior
➡️ falta de volume no polo inferior e
➡️ sensação de desconforto constante.
Buscamos minimizar essas alterações utilizando implantes menores e com gel mais suave associado a uma cobertura mais espessa com enxerto de gordura.
diversas funções, como volume, preenchimento de irregularidades, aumentar a espessura da camada subcutânea e melhorar a qualidade da pele por suas capacidades regenerativas.
O enxerto de gordura atua diretamente no tratamento do dano cutâneo da radioterapia.
Uma das abordagens mais inovadoras que tenho utilizado é a reconstrução híbrida pré-peitoral. Esta técnica combina o uso de implantes com enxerto de gordura (lipoenxertia), buscando um resultado mais natural e minimizando complicações. O implante é posicionado no plano pré-peitoral, ou seja, acima do músculo, respeitando a anatomia natural da mama.
Com a abordagem híbrida é possível reconstruir a mama com aspecto natural. O uso de enxertos de gordura permite melhor cobertura e o implante acrescenta volume e projeção. Podem ser necessários procedimentos adicionais, tais como a mastopexia (quando existe sobra de pele) e reconstrução de areola e mamilo quando for necessário a remoção por fins oncológicos.
Como cirurgião, tenho o principio de reconstruir similar com similar. A mama é uma estrutura subcutânea e não retromuscular. Dessa forma, sempre que possível prefiro o plano pré-peitoral. Em algumas pacientes com a pele muito fina ou, quando temos dúvida sobre a vascularização da pele, é necessário optar pela reconstrução submuscular – principalmente em reconstruções imediatas.
O procedimento é realizado em etapas, visando a melhor preparação dos tecidos:
O primeiro passo é colocar um expansor no plano pré-peitoral. O objetivo é criar e preservar o espaço para a futura prótese, preparando o envelope de pele.
Duas semanas após a cirurgia, iniciamos a expansão gradual do expansor com solução salina. Esse processo, realizado semanalmente no consultório, estimula a formação de uma cápsula bem vascularizada, que será fundamental para a próxima etapa.
Cerca de oito semanas depois, quando a cápsula está formada, iniciamos a lipoenxertia. A gordura, retirada de áreas como coxas ou abdômen, é injetada entre a pele e a cápsula do expansor. O objetivo é aumentar a espessura da cobertura, criando uma camada de tecido vivo sobre o futuro implante. Realizamos múltiplas sessões para garantir a integração do enxerto e a qualidade da cobertura.
Na etapa final, o expansor é substituído pelo implante de silicone definitivo. Nesta fase, podemos fazer ajustes finos, como o refinamento de contornos, para alcançar a melhor simetria e naturalidade possíveis. A camada de gordura que criamos funciona como uma interface, melhorando a cobertura do implante e proporcionando um toque mais macio e um resultado visualmente mais suave.
O período pós-operatório é uma fase crucial que exige atenção e paciência. Seguir as orientações médicas é fundamental para uma cicatrização adequada e para o sucesso do resultado final.
➡️ Cicatrizes: Os cuidados com as cicatrizes são importantes a longo prazo. A proteção solar rigorosa é essencial para evitar o escurecimento permanente.
➡️ Controle da Dor: A dor é esperada e será controlada com analgésicos prescritos pela equipe.
➡️ Drenos: São tubos finos inseridos para remover o excesso de fluidos. Os cuidados com os drenos são essenciais para prevenir infecções.
➡️ Curativos: Os curativos devem ser mantidos limpos e secos, seguindo as instruções específicas sobre trocas.
➡️ Repouso e Movimentos: Esforços físicos devem ser evitados nas primeiras semanas. Atividades simples como pentear os cabelos ou escovar os dentes geralmente são permitidas precocemente, mas sempre com cautela.
A minha preferência por esta técnica se baseia em uma filosofia que busca a restauração mais fiel e holística da mama, com múltiplos benefícios.
☑️ Refinamento Estético e Contorno Corporal: A lipoenxertia permite suavizar as transições e refinar o contorno. Além disso, a lipoaspiração para a coleta da gordura promove uma melhora na silhueta, tratando áreas de gordura localizada em um mesmo planejamento cirúrgico.
☑️ Melhora da Cobertura e Naturalidade: A gordura cria uma camada de tecido vivo que disfarça as bordas do implante, reduzindo o risco de rippling (ondulações) e conferindo um toque mais macio e natural.
☑️ Qualidade da Pele: O enxerto de gordura pode melhorar a qualidade e a vascularização da pele, especialmente em tecidos que sofreram danos pela radioterapia.
☑️ Eliminação da Deformidade por Animação: Como o implante está acima do músculo, ele não se move ou distorce durante a contração muscular, resultando em uma mama com aparência mais estática e natural.
☑️ Menos Dor e Recuperação Mais Rápida: Evitar a dissecção do músculo peitoral geralmente se traduz em menos dor no pós-operatório e uma recuperação mais confortável.
☑️ Prevenção de Complicações Musculares: O plano pré-peitoral evita as complicações associadas à manipulação do músculo, como dor crônica ou perda de força.
☑️ Melhor Posicionamento e Forma: Este plano permite um controle mais direto sobre o posicionamento do implante, facilitando a obtenção de uma forma mais anatômica e uma projeção adequada do polo inferior.
Referências: Stillaert, F. B., et al. (2020). Prepectoral Hybrid Breast Reconstruction: A Surgical Guide to Serial Fat Grafting. Plastic and Reconstructive Surgery – Global Open, 8(9), e3123.
A reconstrução mamária raramente é um evento cirúrgico único. Para alcançar um resultado estético satisfatório, natural e simétrico, frequentemente planejamos o processo em múltiplas etapas, que podem incluir:
☑️ Procedimentos de Refinamento: Após a reconstrução principal, podemos realizar pequenos ajustes, como lipoenxertia para suavizar bordas, revisão de cicatrizes ou reposicionamento do implante.
☑️ Simetrização da Mama Contralateral: Para alcançar a harmonia, muitas vezes é necessário realizar um procedimento na mama oposta (que não foi operada), como uma mastopexia (lifting), mamoplastia redutora ou de aumento.
☑️ Reconstrução do Complexo Aréolo-Mamilar: A etapa final, e de grande importância para a restauração da aparência completa da mama, é a reconstrução do mamilo e da aréola, que geralmente é realizada em um tempo cirúrgico posterior.
O tratamento do câncer de mama e a subsequente reconstrução envolvem uma jornada complexa que se beneficia enormemente de uma equipe multidisciplinar dedicada e experiente. Esta equipe inclui mastologistas, oncologistas, radioterapeutas, fisioterapeutas e, crucialmente, um cirurgião plástico com experiência específica em reconstrução mamária.
🌷 A presença de um cirurgião plástico experiente desde as fases iniciais do planejamento é fundamental.
Um cirurgião experiente domina diversas técnicas, sabe indicar a mais apropriada para cada situação e está mais bem preparado para prevenir e tratar possíveis complicações. Ele possui o conhecimento técnico para avaliar as possibilidades reconstrutivas mais adequadas para o seu caso, considerando não apenas o tipo de mastectomia, mas também a sua anatomia e seus desejos.
A discussão aberta e a comunicação são igualmente importantes para estabelecer uma relação de confiança, alinhando as expectativas e explicando de forma clara as opções, os riscos e os benefícios de cada abordagem.
Em suma, o cirurgião plástico não é apenas um executor de técnicas, mas um arquiteto da restauração mamária. Sua presença qualificada na equipe multidisciplinar garante que você receba não apenas o tratamento oncológico adequado, mas também a melhor oportunidade possível de ter sua mama reconstruída de forma segura, eficaz e esteticamente satisfatória.
A One S.T.E.P.® é a técnica de cirurgia plástica mais inovadora e benéfica para casos de reconstrução de mama. A técnica One S.T.E.P.® – Selective Tissue Engineering Photostimulation utiliza o laser de diodo 1210 nm que não causa efeito de lipólise fototérmica em contraste com o método convencional de lipoaspiração de gordura assistido por laser.
A lipoaspiração assistida por laser (LAL) convencional (mecânica) produz um efeito fototérmico intenso que induz a destruição dos adipócitos. A absorção dos lasers varia nos tecidos por sua composição diferente (gordura, água, hemoglobina) e depende fortemente de diferentes comprimentos de onda do laser. A lipólise a laser convencional destrói tanto os adipócitos quanto as células-tronco mesenquimais por meio de intenso efeito fototérmico.




A técnica One S.T.E.P.® não depende de lipólise e libera tanto os adipócitos quanto as células-tronco mesenquimais preservadas. Isso ocorre porque o laser One STEP® utiliza o comprimento de onda 1210 nm, que possibilita uma afinidade maior dessa tecnologia com o tecido adiposo, ou seja, a célula de gordura.
Durante o procedimento cirúrgico, a utilização do laser é realizada imediatamente antes do processo de lipoaspiração. A afinidade entre o laser e a gordura, facilita o desprendimento das células de gordura (adipócitos) do tecido conjuntivo, sem o rompimento das mesmas.
Pela característica do laser de liberar os adipócitos do tecido conjuntivo, tem boa indicação em pacientes com lipoaspiração prévia, onde há maior fibrose e dificuldade na lipoaspiração convencional.
Tal empreendimento desprende as células do estroma adiposo sem provocar a destruição dos mesmos. Dessa forma, elas não sofrem morte celular e permanecem vivas. Isso significa que podem ser reaproveitadas em procedimentos regenerativos e reparadores.
➡️ Apontamos que esses fatores resultam num pós-operatório mais rápido e com grande redução da dor. Também é esperado também um possível efeito de retração de pele, em função do laser.
Os processos de enxertias feitas a partir da técnica One S.T.E.P.® são mais eficazes e de maior qualidade, pois na maioria das vezes melhoram a qualidade da pele enxertada. Por ser muito menos invasiva, o uso dessa técnica oferece aos pacientes a possibilidade de um retorno mais rápido às atividades cotidianas.
➡️ Essa preservação dos adipócitos (células de gordura intactas) e das células tronco mesenquimais, melhora a qualidade e a pega dos enxertos de gordura.
OBS: Os enxertos de gordura por si só já são excelentes para o tratamento de diversas áreas no âmbito da Cirurgia Plástica. Todavia, podemos apontar que essa tecnologia melhora significamente a qualidade dos mesmos, ampliando o potencial regenerativo dos tecidos.
Essa tecnologia de ponta, ao meu ver, é especialmente indicada em situações onde necessitamos de enxertos de gordura de alta qualidade, como por exemplo em explantes e reconstruções mamárias híbridas, onde associamos implantes e enxerto de gordura, pós tratamento de câncer de mama.
O uso do tecido adiposo na medicina regenerativa tem encontrado grande crescimento em todo o mundo. O laser One S.T.E.P.® promove a colheita do tecido adiposo rico em células-tronco mesenquimais porque é o único laser com comprimento de 1.210 nanômetros, o que permite a passagem pelo tecido adiposo sem lesar a célula de gordura. Ele destrói o tecido conectivo preservando a integridade da gordura e permitindo que ela seja reaproveitada, por exemplo, em reconstruções mamárias, na correção de deformidades de contorno, entre outros.
De fato, o uso da técnica One S.T.E.P.® para isolamento de ASCs demonstrou ser um método eficaz para coletar células de ASCs, preservando suas características de células-tronco mesenquimais, que possuem alta capacidade pluripotente e se reproduzem e repopulam estruturas lesionadas do corpo. O material coletado possui mais de 90% de viabilidade celular e é fotoativado, aumentando a síntese de ATP das células regenerativas coletadas.
Ao ter acesso às células vivas e ativas, sem tecidos conectivos, grumos e cristais, os cirurgiões habilitados conseguem tratar lesões complexas. Além disso também tem papel no tratamento do dano cutâneo da radioterapia.
Uma vez que o laser One S.T.E.P.® atua somente sobre o tecido superficial, o impacto da intervenção é consideravelmente menor. Consequentemente, o pós-operatório da reconstrução mamária é mais rápido e confortável. Afinal, o organismo não sofre traumas e sangramentos excessivos e os resultados são mais naturais, permitindo às pacientes recuperarem a autoconfiança e a autoestima nessa nova fase.
Ficou com alguma dúvida?
A consulta presencial é fundamental para a criteriosa avaliação global do procedimento a ser realizado conforme a orientação do CFM e da SBCP. Converse com o seu cirurgião plástico de confiança. Somente um profissional habilitado pode indicar quais são as opções mais adequadas para você.
Dr. Eduardo Antônio Dalberto (CRM 31347/RS . RQE 26266)
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

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